Há dias “desapareceu” uma das mais antigas lojas de comércio tradicional do nosso município – A Loja do Recurso, no Canto da Areia, Prainha, iniciada pelo casal Maria Santa das Neves e João Pereira da Costa e continuada por Ivone Sousa. Os motivos que levaram a tal decisão pertencem ao foro da privacidade da proprietária e pouco interessam para esta nota, mas aqui deixo uma breve referência pelo excelente serviço que, ao longo de décadas, aquela loja prestou a toda uma clientela, que de toda a ilha ali acorria.
Sobre a criação de emprego nas décadas de cinquenta, sessenta e setenta, três empresas tiveram papel primordial neste município e que ainda conheci em atividade: Armações Baleeiras Reunidas Lda., Casa Ancora Lda., Tunapesca e António Tavares de Melo, todas elas, por um motivo ou outro, já desapareceram.
Por outro lado existem duas empresas, possivelmente outras mais, que ainda estão no mercado em ramos diferentes, desde há várias décadas: Manuel Emílio Herz Lda. e Sereia do Pico de Ana Maria Bettencourt (esteve antes em nome do marido Pedro Neves Marcelino).
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A Sereia do Pico, com cerca de 45 anos, estava inicialmente instalada na Rua do Cais (próximo da antiga estação dos CTT, hoje Montepio Geral) e dedicava-se principalmente à venda de artigos de pesca artesanal e outras quinquilharias. Sempre com gestão familiar, desenvolveu-se nos últimos anos, com a gerência do filho José António, aumentando e diversificando o ramo de negócios com a construção de modernas instalações diferenciadas em dois pisos consoante os setores: no 1º andar - Comércio a retalho de louças, louça decorativa, tapetes, cutelaria e de outros artigos similares para uso doméstico, e no rés-do-chão - artigos de pesca, ferragens, ferramentas várias, artigos de lavoura, equipamento sanitário, enfim toda uma panóplia de artigos de utilidade para vários ramos de atividade.
Manuel Emílio Herz Lda. é uma empresa há cerca de 60 anos no mercado, desde então agente de navegação e ainda hoje agente da Transinsular, sob a gerência de Carlos Manuel Herz. Empresa familiar chegou até aos nossos dias como sendo, para muitos setores, uma das mais sólidas empresas comerciais da nossa ilha. Inicialmente terá estado no ramo da cabotagem – foi proprietária duma esbelta embarcação veleira, conhecida pela “Chalupa Helena” – e sempre como agentes de navegação diversificando mais tarde para oficina auto, minimercado Açor e combustíveis. Presentemente atua no comércio de combustíveis (armazenista e distribuidor); agente de seguros; agente transitário e de navegação, participando em outras empresas do ramo dos combustíveis a nível Açores e mantém o Minimercado. Emprega atualmente 19 colaboradores, o que é muito significativo no atual mercado laboral da nossa terra.
Nestes tempos ditos de crise, onde a lamúria começa a querer fazer carreira, apraz-nos relevar estes dois bons exemplos, cada um na sua dimensão, de como a tenacidade, abnegação, trabalho aturado e uma gestão criteriosa pode alcançar longevidade e sucesso no ramo comercial, no nosso município.
Espirito de iniciativa, coragem, modéstia e trabalho, são alguns dos itens que levam ao sucesso, como aqui se demonstra com estas duas empresas há cerca de meio século, diariamente, entre nós.
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